Roteiros e viagens

Jalapão: na rota do Rally dos Sertões


O Jalapão é sem dúvida o trecho de maior desafio no Rally dos Sertões. Atravessá-lo de moto já é um desafio a mais.

Depois de ir de Curitiba (PR) à Venezuela de Fusca passando inclusive por um trecho da Transamazônica, o piloto e odontologista Alceu Ricardo Brusamolin Filho percorreu mais de 6 mil quilômetros de moto fazendo todo o circuito do Jalapão, desta vez tendo como companheiro Francisco Ronchi Neto. As motos da dupla, Honda Falcon 400, foram escolhidas por suas características de força, peso reduzido em relação ao tamanho e a capacidade de enfrentar terrenos difíceis.

Os 34 mil quilômetros quadrados que formam o Deserto do Jalapão (TO), no coração do Brasil, teve sua origem há milhares de anos, quando a região era coberta pelo mar. As dunas cor de cobre formam um cenário único em um mundo ainda desconhecido da maioria dos brasileiros, formado por chapadões, cachoeiras, planaltos, savanas e trilhas empoeiradas.

Alceu e Francisco vão percorrer o mesmo trecho que os pilotos que correm de moto no Rally dos Sertões, sendo que a etapa do Jalapão é considerada a mais difícil do rally. Mas ao contrário dos pilotos que participam do Sertões e tem suporte de uma equipe de apoio após cada etapa, a dupla não conta com qualquer ajuda, por isso tudo tem que estar muito bem planejado e revisado: as motos não podem ter problemas mecânicos e nem falta de combustível.

Diário de bordo

  • 23/06/01
    Depois de estudar detalhes do roteiro e tempo de viagem é definida a data para o início da expedição de forma que também não coincida com o Rally dos Sertões: dia 17/07/01. Francisco tomou a vacina contra a febre amarela, pois a região do Jalapão é zona de risco. Alceu já tomou a vacina que é válida por dez anos. O diário de bordo volta no dia 17, data da partida.
  • 17/07/01
    Partimos de Curitiba às 10:10 hs com toda a bagagem bem presa nas motos. São 21:30 hs e chegamos há pouco em Limeira (SP). Tudo correu bem e nem ficamos muito cansados.
  • 18/07/01
    Partimos de Limeira às 10:00 hs e chegamos em Catalão (GO) às 19:30 hs. Tudo correu bem e dentro do previsto. O Francisco sentiu mais o cansaço nesta etapa, mas nada que uma noite de sono não cure.
  • 19/07/01
    Ficamos na casa de um amigo em Catalão (GO) que já tinha nos recebido na viagem passada, quando fomos de Fusca à Venezuela. Saímos tarde, perto de 11:00 hs e ainda ficamos pouco mais de uma hora em Brasília, onde tiramos algumas fotos. Seguimos para Formosa (GO) e no caminho uma garça assustou-se e em vez de fugir para o outro lado veio de encontro a minha moto (Alceu). O susto foi grande, mas não cheguei a cair. Chegamos em Formosa as 17:35 hs.
  • 20/07/01
    Saimos de Formosa (GO) às 08:35 hs e chegamos em Natividade (TO) às 18:40 hs. Tudo correu bem até aqui. Amanhã entraremos no Jalapão.
  • 21/07/01
    Entraremos hoje no Jalapão e provavelmente não conseguiremos transmitir o diário de bordo, pois a região é bem isola e tem apenas alguns vilarejos, mas sem telefone ou gasolina. Transmitiremos o diário assim que for possível.
  • 24/07/01
    Esses 3 dias no Jalapão foram terríveis. A paisagem é realmente muito bonita, mas atravessar o Jalapão de moto foi um sacrifício. O calor de 44ºC castigou bastante, e água que levamos não deu nem para o começo. Os caminhos no Jalapão são difíceis, trechos com pedras e areia e muitas erosões. Quando avistávamos um riacho entrávamos de roupa e tudo, e depois de 15 minutos nossas roupas já estavam completamente secas, tamanho era o calor. O pneu da moto do Neto furou e tivemos que consertar com aquele calor de rachar. Menos de 1 hora depois o pneu furou novamente, só que a nossa água tinha acabado e sob aquele sol escaldante já estávamos com sintomas de desidratação. Por sorte encontramos o ônibus off-road Corupá que levava turistas, que nos salvou, pois caso contrário a situação poderia ficar perigosamente crítica. Depois de tomar muita água e descansar no acampamento Corupá, seguimos nossa viagem, mas a bagagem na garupa dificultava o equilíbrio no terreno arenoso do Jalapão e caimos vários tombos, todos tombos "fofos", na areia. Por sorte, horas depois encontramos também um casal de São Paulo que fazia o percurso com uma Land Rover, e se propuseram a levar nossas bagagens. Ficamos só com o essencial como ferramentas e água e combinamos de nos encontrar em um hotel em Palmas (TO). Muitas horas depois chegamos em Palmas e fomos para o hotel combinado, mas o casal não tinha se hospedado lá. E agora? Loucos para tomar um banho e cair na cama, nos hospedamos mesmo sem a bagagem. Meia hora depois o telefone tocou: era o casal que tinha optado por outro hotel. Fomos buscar a nossa bagagem para depois relaxar.
  • 25/07/01
    Decidimos começar nossa viagem de volta e não ir até Balsas no Maranhão. Gastamos bastante tempo no Jalapão e não temos mais disponibilidade de tempo e nem condições físicas para enfrentar uma distância enorme dessas. Saímos de Palmas (TO) às 10:15 hs e chegamos à noite em um vilarejo chamado Carreras, no interior da Bahia, que nem aparece no mapa.
  • 26/07/01
    Eram 09:20 hs quando saimos do vilarejo Carreras para chegar à noite em outro vilarejo na Bahia, que também não aparece no mapa, já perto da divisa com Minas Gerais.
  • 29/07/01
    São 21:10 hs e chegamos neste momento no fim da nossa viagem de volta. De São Paulo para cá (Curitiba) pegamos uma frente fria e estava difícil pilotar as motos. As distâncias na volta sempre parecem maiores. Chegamos muito cansados, mas a viagem valeu, mesmo com os contratempos do Jalapão.

Fotos

Roteiro de viagem

Volta (roteiros e viagens)

Página inicial