Viagem de Biz de Salvador (BA) ao Balneário de Camboriú (SC)

Por Lucia & Zena (luciasaraiva@sei.ba.gov.br)

Moramos na Bahia. Sou baiana e meu companheiro Zena é catarinense. Resolvemos viajar de Biz depois dele já ter feito esta proeza um ano antes e ter gostado muito, apesar de sempre de sempre viajar mundo afora com motos grandes.

Uma das dicas de se viajar com segurança de moto Biz está na colocação da bagagem. A bagagem não pode ser muito alta (não ultrapassar sua cabeça para não desequilibrar), nem muito leve, também serve para equilibrar quando ultrapassar através do vácuo dos ônibus e carretas, evitando o conseqüente deslocamento de peso. Mesmo assim, segure firme nos punhos e vá em frente que ela não vai te decepcionar! Mandamos confeccionar dois "santo-antonio" de ferro, estrategicamente encaixados na parte de trás do banco com a intenção de amparar as bagagens que serviriam de apoio para encosto da coluna.

Saimos de Salvador no dia 20/01/03 às 07:30 hs rumo ao Balneário Camboriú, cada um com sua Biz. A minha, uma Biz + 2003, e a do Zena uma Biz ES 2002. Com meu diário de bordo, comecei a anotar tudo inclusive os abastecimentos como curiosidade com relação ao consumo, pois não acreditávamos que ela fizesse 70 km com um litro, como eles divulgam nas concessionárias, o que ficou comprovado que não faz: a média é de 45 km por litro.

Nossa bagagem foi preparada para não molhar, com tudo embalado em plásticos individualmente. No bagageiro da Biz que tem capacidade para 10 litros colocamos ferramentas, óleo de corrente em spray e o sempre um vasilhame de até 1,5 de gasolina como reserva de combustível. O que nos salvou por 2 vezes onde pegamos um trecho grande sem posto de abastecimento. Tinhamos também que estarmos preparados para retirar a bagagem para abastecer de 140 em 140 km em média, e como o tanque de combustível fica embaixo do banco, o que eu achava incoveniente. Depois vi que isso era um incentivo para fazer musculação de levantamento de peso (da bagagem) e também são providenciais para fazer alongamento e descansar o traseiro que fica um pouco adormecido. O banco da Biz tem um recorte que não é anatômico para viagens mais longas, por isso o Zena mandou arredondar o dele para melhorar. É importante também não esquecer de lubrificar a corrente de 100 em 100 km.

No primeiro dia rodamos até a cidade de Eunápolis (BA), extremo sul da Bahia e a 770 km de Salvador. Este trecho de estrada da BR 101 é muito ruim. Saímos antes do sol nascer e foi maravilhoso presenciar e sentir a chegada dos primeiros raios do sol, além de ser bem mais fresquinho para viajar, sentindo a "clorofila" no ar. Quando entramos no Espirito Santo, a pista virou um tapete maravilhoso, mas a medida que descíamos para o sul o tráfego ficava muito intenso. Muitas carretas, ônibus, carros, caminhões a perder de vista e a pista era de mão única . Era necessário atenção redobrada nas ultrapassagens, quando dava, claro! Depois que entramos no Rio de Janeiro melhorou bastante, pois havia pista dupla em vários trechos.

Pegamos bastante chuva nas serras. Com nossa roupa de chuva começamos a curtir a água que batia na viseira do capacete, mas diminuimos a velocidade e aproveitamos o "trilho" no asfalto formado pela passagem das rodas das carretas, onde a pista era menos escorregadia. Foi adrenalina pura!

Nossas paradas para almoço eram geralmente rápidas, sem direito a descanso. No segundo dia resolvemos entrar para conhecer a cidade de Cachoeiro do Itapemirim (terra do Robertinho). Cidade interessante, com um rio que a atravessa e pontes charmosas. Fiquei impressionada com a correnteza do rio. Dá para praticar rafting tranquilamente e nadar nem pensar, era perigoso. Rodamos pela cidade onde paramos prá tomar uma cervejinha que ninguém é de ferro e ficando num hotel bem legal, com vista para o rio. Merecemos...

No terceiro dia pilotamos até a noite, procurando um hotel que ficasse pela estrada, mas como não achamos nada interessante entramos em Taubaté (SP) para procurar um lugar para dormir e acabamos ficando numa pousada bem simples. Demos uma volta pela praça para distrair. É impressionante como todo mundo fica olhando para a gente incrédulos, pois não conseguem acreditar que alguém possa viajar de Biz e se sentir tão felizes e satisfeitos. Mas o que eu acredito mesmo é na verdadeira parceria, com quem você viaja com tudo fluindo naturalmente na melhor energia possível.

Saímos de Taubaté às 08:30 hs. Até então não sabíamos se dava pra chegar ao Balneário Camboriú naquele mesmo dia, pois teríamos que rodar 740 km aproximadamente. Resolvemos aumentar a média de velocidade de 100 a 110 km/h. A Biz + tem mais força em ladeira que a Biz ES.

Fincamos o pé, ou melhor, os pneus na cidade de Balneário Camboriú no dia 23, às 22:00 hs. O lugar eatava incrivelmente lotado de gente. Assustei-me com o movimento depois de transitar calmamente pela estrada onde as únicas pessoas eram os motoristas carreteiros, tudo gente boa. Confesso que fiquei espantada com aquela gente toda que olhava com curiosidade para nossas motos e nossa bagagem. Notamos que falta iniciativa e coragem às pessoas em seguir suas próprias metas. Tudo fica fácil quando se quer conquistar e aproveitar as oportunidades e saber filtrar o que as pessoas tem para passar a você. Concluímos que o meio de transporte que se utiliza não importa, o mais importante é quem te acompanha.

Verificamos que a Biz + consumiu 66,66 litros de Salvador a Camboriú com 2853 km rodados, com uma média de 43 km/l, tendo em vista que no final sugeri abrir mais o "gas" para chegarmos em Camboriú naquela noite de quinta-feira.

Resumo dos custos da viagem:

Nosso objetivo em Balneário Camboriú era chegar onde dois outros amigos nos esperavam para irmos até a Argentina entrando pelo Deserto de San Pedro de Atacama e quase todas as províncias do país e depois Chile, com direito a Patagônia e todas as regiões do país, mas desta vez de jipe Gran Vitara, onde viajaremos por 27 dias.

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