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O "anjo da guarda" da Stock Car

Por Paulo Valiengo

Todos nós conhecemos, ou pelo menos imaginamos a tensão e a correria existente nos boxes, durante uma prova da Stock Car. Como os treinos são proibidos para conter os custos, no decorrer de um fim de semana de corrida as equipes têm pouco tempo para fazer testes e acertar os seus carros.

Todos os times da Stock Car possuem 2 carros. São 34 pilotos profissionais, buscando em apenas 2 treinos que acontecem na sexta-feira, o melhor acerto para a classificação que é feita no sábado.

Em muitas provas até 30 carros "viram" no mesmo segundo, o que faz com que a Stock Car seja uma categoria das mais competitivas do automobilismo mundial. Toda essa competitividade demanda uma concentração absoluta dos profissionais envolvidos na categoria. Ninguém tem tempo para nada. Tudo é cercado de segredos e sigilo. Uma libra na calibragem pode levar o piloto a conseguir a pole position ou ser o último do pelotão.

No começo da temporada é um pouco diferente, existe muita expectativa, incertezas e até certo clima de companheirismo. Mas, com o desenrolar do campeonato, a tensão vai aumentando, os resultados demoram e a coisas vão mudando. Todo mundo quer vencer, e essa condição de disputa, não permite relaxamento. A tensão só diminui depois da bandeira quadriculada no domingo, mas, começa tudo novamente para a próxima corrida.

Esse quadro de alta competitividade é contagiante e de uma maneira ou de outra, causa certo isolamento. Porém nos boxes da Stock Car, existe um homem diferente, que está sempre calmo, bem humorado, mas também atento a tudo. É o cirurgião Dr. Dino Altmann, diretor médico da Stock Car.

O Dino não é apenas o médico da Stock Car, ele é também diretor médico do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e da Porsche Cup. Está envolvido com atendimento médico para o automobilismo há 19 anos. Faz parte da comissão médica da FIA e da subcomissão de ensino e treinamento médico em automobilismo da entidade máxima do esporte. No mês de abril deste ano, foi para o Bahrein, participar do Seminário Bienal de diretores médicos, da Reunião Ordinária da Comissão Médica da FIA e do Simpósio de Medicina em Automobilismo que fazem parte do "FIA Institute Centre o Excellence Summit".

Durante todas as práticas da Stock Car, o Dr. Dino fica de macacão antifogo, com rádio comunicador a bordo do medical car, com o motor ligado, com todos os equipamentos para primeiros socorros, sempre acompanhado de outro médico especializado, prontos para qualquer ocorrência médica. Na hora da largada escolhe um ponto complicado na pista, estaciona e espera o pelotão passar e então vai comboiando até os boxes. Lá continua sua estratégia, com o motor funcionando até o fim da corrida, sempre torcendo para que nada aconteça e não tenha que entrar em ação.

Em uma corrida realizada em Curitiba senti um certo mal estar e, após a classificação, fui procurar o Dr. Dino. Na mesma hora, com muita atenção e boa vontade me atendeu e me acompanhou ao centro médico montado na pista. Lá me senti uma celebridade, fui cercado por vários médicos, Dr. Leandro, Dra. Valquíria, Dr. Cleber, e pelas enfermeiras Thalita e Melina, fora os que não lembro o nome. Parecia um filme do Dr. House! Fizeram diversos exames e o Dr. Leandro ainda me levou até o CMUM próximo, para fazer outros mais detalhados. Felizmente eu não tinha nada grave, apenas uma intoxicação alimentar.

A todo o momento o Dr. Dino aparecia para saber como eu estava passando! Depois ele me contou uma passagem engraçada, no GP Brasil de F-1 na década de 90, quando o Nigel Mansell bateu com o Ayrton Senna na curva do bico de pato em Interlagos e teve que ser atendido no Medical Center. O Mansell bateu a cabeça, ficou meio tonto e teve uma concussão mínina, mas suficiente para que perguntasse umas cem vezes para o Dr. Dino se o Ayrton já tinha sido punido! "Já puniram o Ayrton? Já puniram o Ayrton?". Como esquecia que tinha perguntado, repetia a pergunta sem ao menos querer saber nada, do seu próprio estado de saúde!

Em toda corrida cruzo com o Dr. Dino, mas o via apenas como um colega de trabalho na Stock Car. Depois do incomodo que senti em Curitiba e da forma como fui atendido pelo Dino e por sua equipe, passei a olhar para ele de uma forma diferente. A gente tem que sentir na pele, para dar mais valor a certas pessoas. Posso garantir para vocês que o Dr. Dino Altmann é o verdadeiro "anjo da guarda" da Stock Car. Espero que não precisem, mas se for o caso, ele sempre estará por perto.

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